Para não esquecer
Você já passou pela experiência de não estar com um documento quando uma autoridade lhe exige? A coisa se agrava ainda mais se este for um documento que lhe identifica. E o negócio fica ainda pior se você estiver em um lugar onde você conhece poucas pessoas, como em um país estrangeiro.
Passei por esta insólita experiência. Quando estive em Angola, no fim do ano passado, por um erro em um número no visto, tive meu passaporte retido momentos antes do embarque de retorno ao Brasil. O oficial do aeroporto de Luanda levou meu único documento de identidade válido naquele país para dentro de uma porta e eu não o vi mais. Momentos de angústia, pois você se sente acuado, preso, cerceado em seu direito de ir e vir. Tudo porque, por longos minutos, minha identidade estava perdida de mim.
Esquecer ou perder a identidade é como perder a si próprio ou esquecer quem você é. De vez em quando, filmes de ficção científica exploram a questão da necessidade de acabar com a identidade para que haja uma pausa nas mazelas da humanidade. Nestas histórias, o mundo melhor é aquele onde todos são iguais em tudo, inclusive fisicamente. Mas a gente sabe que ser mais um na multidão não é nada interessante. Todos buscam se sobressair, ser referência, ter relevância, ser reconhecido.
No caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a identidade é tudo. Desde que comecei a escrever esta coluna, venho batendo na tecla da importância que temos de entender, resgatar e lutar pela identidade adventista. Desde os líderes, passando pelos pastores, até os membros na igreja local. Praticamente metade de todos os meus textos tem tocado neste assunto ou em afins. Quando sou convidado a pregar em alguma igreja, sempre é este tópico que abordo. No meu entendimento, uma igreja que não conhece profundamente sua identidade não alcançará sua missão de forma efetiva. É imperativo conhecermos cada detalhe do “quem somos”, entendermos exemplarmente nossas doutrinas fundamentais e sabermos responder o “por que” levamos no nosso nome as palavras “Adventista” e “Sétimo Dia”.
Surpreso e feliz fiquei ao me encontrar pela primeira vez, ainda no ano passado, com a Meditação Matinal de 2015. Para Não Esquecer é o sugestivo título do devocional escrito pelo pastor George Knight, profícuo pesquisador da história da Igreja Adventista. Não consegui ficar apenas na leitura única diária, tão maravilhosa é a história da construção da nossa identidade, tão bem narrada nesta obra. Já estou no fim do mês de março na leitura!
A nossa identidade é o tema central da Meditação. No prefácio do livro, o autor é enfático: “O maior perigo que a igreja enfrenta no século 21 é esquecer sua identidade, perdendo, assim, seu propósito e motivo de existir” (p.5). Sim, caros amigos e amigas, não podemos nunca perder nossa identidade! Se isto acontecer, ou se negligenciarmos nossas “pedras memoriais”, diz o pastor Knight, “o risco é todo nosso” (p.7). É empolgante saber que teremos um ano todo na companhia da nossa história. Da história dos nossos predecessores. Nada melhor para, decisivamente, vivermos diariamente a nossa identidade.
Encerro com uma frase de Ellen White, também citada na primeira meditação do ano: “Passando em revista a nossa história, percorrendo todos os passos de nosso progresso até ao estado atual, posso dizer: ‘Louvado seja Deus!’ Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração por Cristo, e de confiança nEle como dirigente. Nada temos a recear no futuro, a não ser que nos esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado” (VE, p. 204).
Uma boa leitura devocional para todos em 2015!
Para não esquecer
Reviewed by Portal Romério Carvalho
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04:19
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