Mutirão de Natal alivia sofrimento de famílias carentes

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Tina, em 2008, pouco antes de receber as próteses doadas pelo Mutirão de Natal.
Brasília, DF… [ASN] O ano de 2008 será sempre inesquecível para a dona de casa Maria das Dores do Amaral, que vive na comunidade Santa Marta, no Rio de Janeiro. Depois de ser diagnosticada com uma doença causada pelo uso excessivo do cigarro – ela chegou a fumar quatro maços por dia –, Tina, como é conhecida, recebeu a notícia de que uma de suas mãos deveria ser amputada. No entanto, após a cirurgia, ela ouviu o médico repreender alguém dizendo que haviam removido a mão errada. Assim, devido a uma falha, Tina ficou sem as duas mãos.
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No caminho de volta para a casa, ela e o filho visitaram uma loja especializada em próteses para ter uma ideia de quanto custaria. O vendedor tentou desanimá-los. “Para conseguir comprar uma a senhora precisaria ser funcionária pública, pois o valor é muito elevado”, relembra ela. Porém, isso não a entristeceu. “Fui embora com a certeza de que um dia eu ganharia uma daquelas”, compartilha.
Outro motivo pelo qual Tina não se esquecerá do ano de 2008 é que, exatamente um mês após ir àquela mesma loja, uma pessoa que mora próximo à sua casa conhecia alguns participantes do projeto Mutirão de Natal realizado pela igreja adventista de Botafogo, no Rio, e contou sobre o que a dona de casa havia passado. “Visitamos ela, identificamos sua necessidade e buscamos meios de ajudá-la. Ela vivia com dificuldades em casa e não tinha condições financeiras para comprar a prótese. Diante disso, um dos participantes fez a doação”, conta a administradora Eliana Carvalhoque há 11 anos coordena as equipes do Mutirão de Natal da igreja adventista de Botafogo.
Aliviar o sofrimento
O Mutirão de Natal começou em 1994 na igreja adventista de Botafogo a partir de uma gincana para a arrecadação de alimentos para beneficiar pessoas carentes no Natal e foi levada tão a sério que se estendeu por todo o Brasil e, posteriormente, para mais sete países da América do Sul. “Apesar de tudo o que passei, sou muito feliz. E essa igreja me ajudou muito e ainda ajuda, inclusive com cestas básicas”, sublinha Tina. Entre 2008 e 2013 o programa arrecadou e distribuiu 36.456 toneladas de alimentos em oito países.
Para o pastor Paulo Lopes, diretor da Ação Solidária Adventista (ASA) na América do Sul, o projeto traz um benefício duplo. “Ele ajuda quem necessita, não só as famílias, mas também as instituições. E o Mutirão tem a capacidade de mobilizar a igreja e isso beneficia quem participa diretamente”, destaca. De acordo com ele, o ser humano tem uma necessidade natural de ajudar os outros, de fazer o bem, e isso contribui para o desenvolvimento da solidariedade. Ele lembra, por exemplo, que diversos núcleos e projetos da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) são beneficiados com as doações.
“Em 2014 nós arrecadamos 33 toneladas de alimentos. Toda a igreja está envolvida e apoiamos 10 projetos sociais durante todo o ano. Eu fico muito feliz por ver que as pessoas estão participando”, constata Eliana.
Impacto
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Projeto é desenvolvido em oito países da América do Sul e anualmente beneficia milhares de pessoas.
Lopes lembra quando uma cesta de alimentos é entregue, geralmente um livro missionário a acompanha. Essa, segundo ele, é uma estratégia para suprir outra necessidade: a espiritual. “Ellen White [escritora cristã norte-americana] diz que ao ajudar as pessoas, elas se abrem mais a receber a Palavra de Deus. Se abre uma porta de oportunidade”, reforça.
Eliana calcula e chega à conclusão de que não é possível mensurar a alegria vista nos olhos de pessoas que vivem, na maioria das vezes, em condições tristes e são beneficiadas por aquilo que é possível fazer quando um grupo se une para ajudar uma família ou mesmo uma comunidade. Tina assegura que o projeto tem feito a diferença em sua vida nos últimos anos. “Não tenho nem como agradecer. E se alguém achar que ele é ruim, não sabe do que fala”, defende.
Ao término da entrevista, pouco antes de desligar o telefone, a dona de casa diz que hoje é muito feliz e conseguiu, inclusive, fazer cursos de culinária e informática após o acidente. Seu sonho agora é voltar a trabalhar em algo próprio e ter, por exemplo, um carrinho de cachorro-quente. Mas o que deseja mesmo é que as pessoas se esforcem mais para ajudar os outros, assim como ela foi ajudada. E deseja, para quem ler a reportagem, “um feliz Natal.”
Comemoração
Para celebrar os resultados alcançados em todo o Brasil, o Mutirão de Natal será encerrado oficialmente nesta sexta-feira, 19 de dezembro, com um programa ao vivo transmitido pela TV Novo Tempo e que irá ao ar às 20h no Revista Novo Tempo. A transmissão também estará disponível na internet neste link. Utilize as redes sociais para contar como foi o Mutirão em sua igreja pelo Facebook e Twitter usando a hashtag #REVISTANT.
Para conhecer ideias de como ampliar o projeto ou até mesmo iniciá-lo em sua região, veja a entrevista abaixo. [Equipe ASN, Jefferson Paradello]
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